segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Insípida?

  Eu e minha incerteza a respeito de quem sou. Não penso! Que se penso, de confusa evaporo. Eu choro! Choro e escorro pela minha própria face. É esse não saber que me afeta e me resseca e me faz querer chover. Como pode um ser não saber quem é? Será que alguém sabe?
  É que eu queria ser transparente. Não refletir feito espelho d'água o que os outros sentem. Nem escapar por entre os dedos de quem tenta me conter. Bobagem! Que se eu fico de fato transparente, como é que eu vou reconhecer meu rosto? Minha personalidade corrente como um rio bravo. Meu humor - maré inconstante - que responde à luz da lua. Eu, paradoxo cristalino, feito um laguinho de jardim, por vezes absorvo uma constância fora de mim, a calma concedida por um dia ensolarado. Os mesmos raios de sol que, às vezes, me arrancam a máscara molhada e tornam vapor minha superfície.
  Aí, então, só me resta o fundo. Voltar-me para dentro de mim. A velha conhecida cachoeira que cai do meu peito e inunda tudo o que não sei que sou. É um mar de sentimentos em que eu insisto em naufragar. Eu não tenho medo de transbordar no meu sentir. Túrgida de mim. Um dia arrebento a represa e me afogo sem temor. Porque o ciclo continua.

domingo, 8 de agosto de 2010

Eu sou uma idiota


Fui egoísta com você logo no seu grande dia, coloquei meus sentimentos à frente e, quando me dei conta, não estava mais contigo, me desculpa.
Hoje sonhei com o Pierre, seu gato, e lembrei de um monte de coisas às quais eu não queria ter de lidar agora. Eu to sempre adiando...
Lembrei de quando você se mudou da quadra, parecia que você ia embora pra sempre. Não foi assim. Agora você faz as malas para além do quadradinho e eu aqui fingindo que não tenho medo de te perder... Acontece que a perda é o que mais me apavora.
É idiota, eu sei, mas isso me lembra a época em que o meu cachorro Perky morreu, minha mãe me disse que eu tinha de aprender a perder. Pouco tempo depois ela também se foi, se foram amigos, se foram parentes, se foram momentos, pedaços da minha infância, se foram os amores e, mesmo assim, ainda não aprendi. Eu sou tão apegada a tudo. Me recuso a deixar ir. Agora é você quem vai embora e eu aqui fingindo que tá tudo bem.
Eu sou uma idiota de marca maior. Antecipo meus medos. Te deixei sozinha só porque estava triste. Ignorando a tristeza que eu sei que está por vir. Me desculpa. Eu sempre falo que estou uma bagunça, mas nunca cuido de me arrumar.Me desculpa, é que eu vou sentir muita saudade...
Por que eu sempre tenho de ser tão dramática?