segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Sobre o ócio na aula de Pescom

Sorriso. Pessoas...
O professor discorre sobre tempo-real, mediação, midiatização... Não presto atenção.
Algumas pessoas atentas, algumas sonolentas... Que será que pensam? Eu penso tanta coisa, eu sinto tanta coisa...
Olhares... Onde estão? Na aula, no caderno, no relógio, em outros olhos...
Eu olho o relógio, torço para que a aula termine e eu possa olhar outros olhos... Quais? Quaisquer!
Só quero olhar e sorrir e ficar boba. Gosto dos sorrisos bobos que meus sentimentos mais bobos me causam. Coisa de menina. Deixa ela sair e se encantar por qualquer gesto tímido, deixa que eu cansei de ter de lidar com esse sentimento sério. Quero ser travessa no meu sentir, deixar a certeza de lado, porque ela sempre volta. Por enquanto eu quero não saber.
Oh, teacher! Vê se acaba essa aula e me deixa ir lá fora encantar minha menina. Enquanto durar a fantasia.

sábado, 23 de janeiro de 2010

Sobre os meus sonhos

Quando eu tinha lá meus 13 anos, fiz um poeminha sobre os sonhos. Poema bobo, só lembro um verso: “Sonho – mensagem da mente – quem sabe pra ser cauteloso”.  Talvez eu estivesse certa, mas agora tenho minhas dúvidas. Será que realmente são mensagens da mente? Digo, são apenas isso? Hoje em dia acho que não...
Ta certo que eu sempre tive um feeling a respeito de tudo, principalmente quando eu gosto de alguém. É o que chamamos de “intuição”. Agora meus sonhos extrapolam os limites da intuição. Parece que tomam conta. Ou vai ver sou eu quem não dá conta de tanta informação, de tanta intuição que se confirma quando eu me distraio.
Preferiria que fossem só feelings mesmo, intuições, insights. Sabe, esses são mais aceitos socialmente. Agora quando você diz que sonhou com uma coisa, um nome, uma situação, um conselho... E quando esses sonhos se tornam freqüentes... Não sei, parece mais lorota do que, como vou dizer? Pressentimento? É, meio que isso! Até eu fico catando razões pra ter sonhado com essas coisas, talvez tenha visto ou lido algo que tenha ficado no meu subconsciente e refletido em meus sonhos. Mas é mentira, eu sei, eu minto pra mim justamente pra não me sentir mais mentirosa. Não é como se eu ficasse buscando essas informações, mas eu prefiro fazer que sim.
Parei de procurá-lo em tudo o que eu vejo. Quero dizer, suas fotos ainda estão no meu mural, mas é só porque ainda não me sinto à vontade pra tirá-lo de lá (e de mim). Mas também não fuço mais Orkut ou o que for. Nem é desapego, é o contrário. O apego é tamanho que eu prefiro deixar um pouco de lado se não acabo me matando. Só que toda vez que eu deixo de lado, vem um sonho desses me incomodar. O último deles ainda tinha a ousadia de me dar bronca por querer deixar o meu amor. Ah, sonho, meu amor me deixou, por que eu não posso deixá-lo de volta?
Pressentimento, intuição ou o que for, vou deixá-lo na sala de espera sim senhor. Diga o que disser, quem quer que seja o responsável pelo “outro mundo”, eu preciso de um pouco de paz! Um pouco de paz, pra no fim das contas poder amar um pouco mais.
Na boa? Cansei de sonhos que me tiram o sono. Assim não dá pra descansar.

Sobre a mágoa

Ela voltou da praia, mas deixou o sorriso por lá. Foram 12 horas de viagem e, além da bagagem, trouxe consigo a mágoa que não conseguiu apagar. Queria de todo coração tê-la deixado no mar, mas não pôde, era tanta mágoa que não cabia no oceano. Guardou-a então no peito e tomou o rumo de casa. Botou na cara um sorriso automático para evitar perguntas. Botou na mente um raciocínio automático para evitar respostas. Não queria sentir. Não queria pensar. Sabia o que queria, e o que queria não podia ter. Não mais.
Chegando em casa, desarrumou o quarto, mas não desfez as malas. “Deixa a alegria guardada, que quando eu precisar sei onde encontrar. Deixa a praia na mala pra quando eu precisar disfarçar.” Olhou as fotos para recordar os fatos. Secou os olhos para não molhar as fotos. Olhando as fotos, quis cegar os olhos. Ela morava com a contradição.
Lembrou-se do ano novo. De quando desejava em silêncio felicidade a quem lhe roubara a sua. Olhou a lua e quis que ele a olhasse também. Quis que ele lembrasse como ela amava olhar o céu. Quis que ele lembrasse como ela o amava. Quis que ele lembrasse. Quis que ele esquecesse. Quis esquecer. Quis tanta coisa ao mesmo tempo, que, no final, já não queria nada além de ir para casa com essa mágoa que já não podia apagar.

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Sobre conceitos e preconceitos

Cá estou fazendo curso de verão na UnB. Técnicas em Jornalismo e Métodos e Técnicas de Pesquisa em Comunicação (carinhosamente chamada de PESCOM). Hoje, a professora de Técnicas estava falando sobre apuração: a gente jamais deve deixar nosso preconceito intervir na matéria, devemos nos livrar o máximo possível dos preconceitos. Ninguém quer ser um Boris Casoy da vida, não é mesmo? Ok, depois o professor de PESCOM me passa um vídeo sobre o Milton Santos. Nosso amiguinho Milton era um importante geógrafo que estudou à fundo o processo de globalização e, por isso, ganhou uma pá de prêmios. Ele fala de uma globalização perversa, que prioriza o dinheiro em seu estado puro, de um poder concentrado na mão de poucos atores que muito se interessam em aumentar cada vez mais essa margem de lucro (chamada por ele de 'mais-valia universal) enquanto que a sociedade é deixada de lado. Apropria-se das técnicas para elevar os lucros, mas o social é esquecido. Produz-se, hoje, comida suficiente para alimentar o mundo inteiro e ainda sobrar, mesmo assim, não conseguimos acabar com o monstro da fome. Não conseguimos? Não queremos? Quem é que vai PAGAR para alimentar a África? E eu pergunto: por que alguém teria de pagar por um direito legítimo? Ou vai me dizer que o direito à sobrevivência é ilegitmo?
Pois bem... Isso foi o que disse Milton Santos, o geógrafo. Milton Santos: brasileiro, negro, descendente de escravos.
Isso me fez refletir sobre mim mesma. No filme, mostra-se imagens do Fórum Social Mundial, tantas pessoas lutando contra o preconceito. PRECONCEITO. Acho que essa é a palavra. Quem sou eu no meio dessa bananosa toda? Sarah de Souza Ferreira Carneiro. Para a família da minha mãe, sou a "neguinha". Para a família do meu pai, sou a "transparente". Nasci do ventre branco branco da minha mãe, tão branco que ela não aguentava um instante debaixo do sol, porque logo ficava toda vermelha. Então fui para os braços negros do meu pai, oriundos de uma história amarga de pobreza que, com muito esforço, hoje é parte da lembrança. Eu meio a meio. Grande coisa. Qual brasileiro não é hoje um mosaico de raças? E existe alguma outra de homens que não a raça humana?
Daí eu cresci. Sempre apaixonada. Engraçado esse blog ser o primeiro lugar público que eu vá falar sobre isso. Engraçado não, eu tive medo de confessar antes. Preconceito. Vítima e algoz. Pois sim, sempre apaixonada. Calhou de um dia eu me apaixonar por uma garota. A princípio achei meio estranho, depois fui percebendo que era tudo natural. Namoramos. O amor foi se transformando em outra coisa e terminamos, como qualquer outro relacionamento normal. Normal? Normal é amar. A gente se apaixona por pessoas ou por gêneros?
Daí então comecei a estudar ocultismo e esoterismo. Isso foi agora em 2009, só uma confirmação das crenças que já ia buscando há algum tempo em minha vida. Antes passei brevemente pelo espiritismo, pela religião do meu pai e pelo catolicismo. Meu pai é Testemunha de Jeová, ai dele ter uma bruxa na família. Preconceito dele? Preconceito meu? Que importa se você é bruxo, testemunha de jeová, católico, budista, evangélico, do candomblé, protestante, do santo daime, espírita, feiticeiro, judeu, xamã, ateu ou agnóstico? A sua descrença na minha crença vai diminui-la? Não deveria.
Eu. Que diabos eu sou? Nem preta nem branca, talvez um milkshake de ovomaltine, eu não sei. Me considero heterossexual, mas não acho que minha ex-namorada foi um desvio no meu caminho, eu REALMENTE a amei, defina minha sexualidade agora, vai! Minhas crenças são um apanhado de tudo que eu aprendi na igreja e fora dela, teria de inventar uma nova religião para me encaixar.
Então pra que me definir? Pra que a gente tem de definir o tempo todo o outro? Por que a gente quer que todo mundo seja igual, mas inferior a nós? Digo isso, porque eu também tenho preconceito com uma série de coisas, e me revolto. A gente não deve ser assim, ora bolas! Proponho que respeitemos. Ninguém precisa concordar comigo, eu não preciso concordar com ninguém, mas seria muito legal se respeitássemos nossas maneiras e opiniões mutuamente.
Utopia é comigo mesmo!