Ela voltou da praia, mas deixou o sorriso por lá. Foram 12 horas de viagem e, além da bagagem, trouxe consigo a mágoa que não conseguiu apagar. Queria de todo coração tê-la deixado no mar, mas não pôde, era tanta mágoa que não cabia no oceano. Guardou-a então no peito e tomou o rumo de casa. Botou na cara um sorriso automático para evitar perguntas. Botou na mente um raciocínio automático para evitar respostas. Não queria sentir. Não queria pensar. Sabia o que queria, e o que queria não podia ter. Não mais.
Chegando em casa, desarrumou o quarto, mas não desfez as malas. “Deixa a alegria guardada, que quando eu precisar sei onde encontrar. Deixa a praia na mala pra quando eu precisar disfarçar.” Olhou as fotos para recordar os fatos. Secou os olhos para não molhar as fotos. Olhando as fotos, quis cegar os olhos. Ela morava com a contradição.
Lembrou-se do ano novo. De quando desejava em silêncio felicidade a quem lhe roubara a sua. Olhou a lua e quis que ele a olhasse também. Quis que ele lembrasse como ela amava olhar o céu. Quis que ele lembrasse como ela o amava. Quis que ele lembrasse. Quis que ele esquecesse. Quis esquecer. Quis tanta coisa ao mesmo tempo, que, no final, já não queria nada além de ir para casa com essa mágoa que já não podia apagar.
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